Bispo Edson Costa e sua esposa, Paula, falam sobre o que
tiveram de deixar para trás para ajudar os que sofrem
Por Cinthia Meibach
O bispo Edson Costa, de 34 anos, e sua esposa, Paula Costa,
de 33 anos, ambos paranaenses, não economizam esforços para ajudar
desconhecidos que estão sofrendo por todo o Brasil. Juntos, eles já passaram
pelos Estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e agora
estão no Ceará, um dos lugares mais bonitos do nosso País. Os dois contaram
detalhes de suas trajetórias para os leitores da Folha Universal. Confira a
seguir.
Quais problemas vocês enfrentaram na infância?
Ele: A minha família era estruturada, mas um dia a minha
mãe, grávida de mim, recebeu a notícia que a gravidez era de risco e decidiu buscar
ajuda nos espíritos. Como consequência disso, me tornei o mais doente de casa.
Passei a sofrer com perturbações, via vultos, ouvia vozes. Eu tinha muito medo.
Imagina você estar sozinho em casa, à noite, e uma imagem aparecer e você não
saber o que é aquilo. Era isso que eu passava. Eu via alguma coisa mexendo,
tocando em mim e até falando comigo. Quando anoitecia, eu ficava apavorado.
Ela: Eu cresci em um lar que tinha muitos valores, mas
nenhuma estrutura espiritual. Então vieram os problemas: a doença do meu irmão
que para a medicina não tinha cura e, por conta disso, meu pai ficou deprimido
e a vida financeira foi afetada. Minha mãe procurou solução também nos
espíritos, mas nada adiantou.
Como vocês chegaram à Universal?
Ele: Aos 15 anos, a minha mãe começou a fazer as correntes
de oração na Universal. Minha irmã mais velha também foi com ela e passou a
fazer parte do Força Jovem, grupo da igreja. Eu, vendo a alegria delas, decidi
acompanhá-las. Quando cheguei, vi que os espíritos que se diziam fortes na casa
dos encostos que a minha mãe frequentava ficavam de joelhos diante do pastor.
Naquele momento, despertei e entendi que estava no lugar certo.
Ela: Dos 6 aos 19 anos eu tinha uma vida no mundo como
qualquer adolescente, aproveitava o que o mundo tinha para me oferecer, mas
tudo isso não me saciava. Cheguei assim à igreja. Queria encontrar o que estava
faltando dentro de mim, aquilo que realmente fosse me completar e me fazer
feliz. Ali vi muita alegria nas pessoas. À medida que aconteceu a minha
entrega, que durou um ano e seis meses, eu também passei a desfrutar da mesma
alegria delas.
Por que o senhor decidiu se tornar pastor?
Eu já estava há dois anos na Universal, me tornei obreiro,
mas não queria ser pastor. Eu tinha um vínculo muito forte com a minha família.
Eu pensava assim: vou ser um obreiro bem-sucedido, mas não abro mão da minha
família. Até que comecei a evangelizar num leprosário. Foi quando, pela
primeira vez na vida, vi de perto o que é um ser humano apodrecer vivo. Foi
nesse dia que eu ouvi a voz de Deus falando que era para eu levar a Palavra de
dEle para o mundo inteiro. Esse desejo era como um fogo que queimava dentro de
mim. Desse momento em diante, eu me coloquei à disposição do Altar e, em 1998,
ingressei na Obra de Deus.
Mas o senhor já conhecia a Paula?
Não. Conheci a Paula em 2002. Eu já era pastor, fui
trabalhar em Ponta Grossa, cidade na qual ela nasceu e se converteu. Fiquei
dois anos e meio lá. Ela era do Força Jovem, estava chegando à igreja. Só que
até então nem sequer pensava em vida amorosa. No dia que eu estava sendo
transferido para Curitiba, ela me entregou uma carta. No caminho, li a carta
que dizia o que ela sentia por mim. Pensei muito e não respondi, orei a Deus e
um mês depois a gente começou a se falar por telefone.
O que vocês encontraram um no outro que proporcionou a
certeza para seguir com o relacionamento?
Ele: O que me chamou atenção nela foi a discrição. Eu sempre
valorizei essa virtude da mulher. Então, quando ela me mandou essa carta,
comecei a pensar quais seriam os motivos para investir nesse relacionamento,
não podia mais errar, pois o tempo estava passando.
Ela: Além do sorriso, o compromisso dele, a responsabilidade
que ele tinha com o trabalho. Eu via que ele era verdadeiro.
Quando vocês casaram as diferenças apareceram?
Ele: Todo mundo fala que a fase de adaptação é uma “guerra”.
Mas nós não passamos por isso, pois somos parecidos em tudo. Temos uma
sintonia, uma compatibilidade, é em uma coisa ou outra que a gente discorda.
Mas confesso que no começo eu era bem exigente. Pelo fato de sempre ter lavado
e passado minha roupa, quando me casei, levou um tempo para ela deixar a roupa
do jeito que eu gostava. Então, a nossa única “guerrinha” foi essa.
Ela: Eu me lembro de uma vez que ele me cobrou de uma forma
mais forte e eu fiquei chateada. Ele percebeu e, no outro dia, quando foi para
igreja, deixou um bilhete em que escreveu que sabia que estava pegando pesado
comigo e pedia para que eu entendesse o lado dele. Mas foi só isso mesmo de
desentendimento, pois fomos para o casamento com uma base de família que
aprendemos na Universal. Já são 10 anos de casados.
O senhor esperava a consagração a bispo?
Não. Eu fui a uma reunião para tratar de outro assunto que
não tinha relação com a consagração. Quando o bispo Clodomir falou que eu seria
consagrado bispo, não aguentei e comecei a chorar porque não esperava.
O senhor passou momentos de dificuldade?
Quando assumi minha primeira igreja no interior do Paraná
não tinha um centavo para comer. À noite, fiz a reunião, depois que eu terminei
veio uma senhora me procurar dizendo que estava afastada e que estava voltando
naquele dia. Ela me perguntou se eu tinha comido alguma coisa e eu fiquei com
vergonha. Como iria falar para uma pessoa que não havia comido nada? É
complicado, meus olhos encheram de lágrimas e eu disse que não. Ela me mostrou
um restaurante que o dono estava devendo para ela e me mandou jantar lá e disse
que a partir daquele dia o meu almoço e minha janta seriam por conta dela. Essa
situação mostrou que Deus sempre traz um anjo para nos suprir.
O que o senhor pode falar para os homens que estão divididos
entre ser ou não pastor?
Hoje em dia os jovens obreiros estão envolvidos com o
trabalho, a faculdade, a informática menos com a Obra. Duvido que o Espírito
Santo não faça queimar dentro de qualquer homem ou mulher que for a um hospital
do câncer, leprosário ou a uma cadeira e vir o povo sofrendo essa vontade de
fazer alguma coisa pelo próximo. É preciso entender que a igreja não mudou. O
que mudou foi o envolvimento das pessoas com a Obra de Deus.
Perfil do casal
Comida predileta
Ele: uma boa massa e uma boa feijoada brasileira
Ela: risoto
Um livro
Ele: "As 21 irrefutáveis leis da liderança", de
John Maxwell
Ela: "Mestre dos mestres", de Augusto Cury
Música
Ele/Ela: Love By Grace, com Lara Fabian
Hobby
Ele/Ela: assistir filmes de drama e ação
O que gostam mais um no outro
Ele: os olhos e a inteligência
Ela: o sorriso e a seriedade
Ato de romantismo
Ele: gosto quando ela me rouba um beijo
Ela: gosto quando ele tem gestos de carinho comigo
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