quarta-feira, 11 de março de 2015

“Vi de perto o que é um ser humano apodrecer vivo"

Bispo Edson Costa e sua esposa, Paula, falam sobre o que tiveram de deixar para trás para ajudar os que sofrem

Por Cinthia Meibach



O bispo Edson Costa, de 34 anos, e sua esposa, Paula Costa, de 33 anos, ambos paranaenses, não economizam esforços para ajudar desconhecidos que estão sofrendo por todo o Brasil. Juntos, eles já passaram pelos Estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e agora estão no Ceará, um dos lugares mais bonitos do nosso País. Os dois contaram detalhes de suas trajetórias para os leitores da Folha Universal. Confira a seguir.
Quais problemas vocês enfrentaram na infância?
Ele: A minha família era estruturada, mas um dia a minha mãe, grávida de mim, recebeu a notícia que a gravidez era de risco e decidiu buscar ajuda nos espíritos. Como consequência disso, me tornei o mais doente de casa. Passei a sofrer com perturbações, via vultos, ouvia vozes. Eu tinha muito medo. Imagina você estar sozinho em casa, à noite, e uma imagem aparecer e você não saber o que é aquilo. Era isso que eu passava. Eu via alguma coisa mexendo, tocando em mim e até falando comigo. Quando anoitecia, eu ficava apavorado.
Ela: Eu cresci em um lar que tinha muitos valores, mas nenhuma estrutura espiritual. Então vieram os problemas: a doença do meu irmão que para a medicina não tinha cura e, por conta disso, meu pai ficou deprimido e a vida financeira foi afetada. Minha mãe procurou solução também nos espíritos, mas nada adiantou.
Como vocês chegaram à Universal?
Ele: Aos 15 anos, a minha mãe começou a fazer as correntes de oração na Universal. Minha irmã mais velha também foi com ela e passou a fazer parte do Força Jovem, grupo da igreja. Eu, vendo a alegria delas, decidi acompanhá-las. Quando cheguei, vi que os espíritos que se diziam fortes na casa dos encostos que a minha mãe frequentava ficavam de joelhos diante do pastor. Naquele momento, despertei e entendi que estava no lugar certo.
Ela: Dos 6 aos 19 anos eu tinha uma vida no mundo como qualquer adolescente, aproveitava o que o mundo tinha para me oferecer, mas tudo isso não me saciava. Cheguei assim à igreja. Queria encontrar o que estava faltando dentro de mim, aquilo que realmente fosse me completar e me fazer feliz. Ali vi muita alegria nas pessoas. À medida que aconteceu a minha entrega, que durou um ano e seis meses, eu também passei a desfrutar da mesma alegria delas.
Por que o senhor decidiu se tornar pastor?
Eu já estava há dois anos na Universal, me tornei obreiro, mas não queria ser pastor. Eu tinha um vínculo muito forte com a minha família. Eu pensava assim: vou ser um obreiro bem-sucedido, mas não abro mão da minha família. Até que comecei a evangelizar num leprosário. Foi quando, pela primeira vez na vida, vi de perto o que é um ser humano apodrecer vivo. Foi nesse dia que eu ouvi a voz de Deus falando que era para eu levar a Palavra de dEle para o mundo inteiro. Esse desejo era como um fogo que queimava dentro de mim. Desse momento em diante, eu me coloquei à disposição do Altar e, em 1998, ingressei na Obra de Deus.
Mas o senhor já conhecia a Paula?
Não. Conheci a Paula em 2002. Eu já era pastor, fui trabalhar em Ponta Grossa, cidade na qual ela nasceu e se converteu. Fiquei dois anos e meio lá. Ela era do Força Jovem, estava chegando à igreja. Só que até então nem sequer pensava em vida amorosa. No dia que eu estava sendo transferido para Curitiba, ela me entregou uma carta. No caminho, li a carta que dizia o que ela sentia por mim. Pensei muito e não respondi, orei a Deus e um mês depois a gente começou a se falar por telefone.
O que vocês encontraram um no outro que proporcionou a certeza para seguir com o relacionamento?
Ele: O que me chamou atenção nela foi a discrição. Eu sempre valorizei essa virtude da mulher. Então, quando ela me mandou essa carta, comecei a pensar quais seriam os motivos para investir nesse relacionamento, não podia mais errar, pois o tempo estava passando.
Ela: Além do sorriso, o compromisso dele, a responsabilidade que ele tinha com o trabalho. Eu via que ele era verdadeiro.
Quando vocês casaram as diferenças apareceram?
Ele: Todo mundo fala que a fase de adaptação é uma “guerra”. Mas nós não passamos por isso, pois somos parecidos em tudo. Temos uma sintonia, uma compatibilidade, é em uma coisa ou outra que a gente discorda. Mas confesso que no começo eu era bem exigente. Pelo fato de sempre ter lavado e passado minha roupa, quando me casei, levou um tempo para ela deixar a roupa do jeito que eu gostava. Então, a nossa única “guerrinha” foi essa.
Ela: Eu me lembro de uma vez que ele me cobrou de uma forma mais forte e eu fiquei chateada. Ele percebeu e, no outro dia, quando foi para igreja, deixou um bilhete em que escreveu que sabia que estava pegando pesado comigo e pedia para que eu entendesse o lado dele. Mas foi só isso mesmo de desentendimento, pois fomos para o casamento com uma base de família que aprendemos na Universal. Já são 10 anos de casados.
O senhor esperava a consagração a bispo?
Não. Eu fui a uma reunião para tratar de outro assunto que não tinha relação com a consagração. Quando o bispo Clodomir falou que eu seria consagrado bispo, não aguentei e comecei a chorar porque não esperava.
O senhor passou momentos de dificuldade?
Quando assumi minha primeira igreja no interior do Paraná não tinha um centavo para comer. À noite, fiz a reunião, depois que eu terminei veio uma senhora me procurar dizendo que estava afastada e que estava voltando naquele dia. Ela me perguntou se eu tinha comido alguma coisa e eu fiquei com vergonha. Como iria falar para uma pessoa que não havia comido nada? É complicado, meus olhos encheram de lágrimas e eu disse que não. Ela me mostrou um restaurante que o dono estava devendo para ela e me mandou jantar lá e disse que a partir daquele dia o meu almoço e minha janta seriam por conta dela. Essa situação mostrou que Deus sempre traz um anjo para nos suprir.

O que o senhor pode falar para os homens que estão divididos entre ser ou não pastor?
Hoje em dia os jovens obreiros estão envolvidos com o trabalho, a faculdade, a informática menos com a Obra. Duvido que o Espírito Santo não faça queimar dentro de qualquer homem ou mulher que for a um hospital do câncer, leprosário ou a uma cadeira e vir o povo sofrendo essa vontade de fazer alguma coisa pelo próximo. É preciso entender que a igreja não mudou. O que mudou foi o envolvimento das pessoas com a Obra de Deus.

Perfil do casal

Comida predileta
Ele: uma boa massa e uma boa feijoada brasileira
Ela: risoto

Um livro
Ele: "As 21 irrefutáveis leis da liderança", de John Maxwell
Ela: "Mestre dos mestres", de Augusto Cury

Música
Ele/Ela: Love By Grace, com Lara Fabian

Hobby
Ele/Ela: assistir filmes de drama e ação

O que gostam mais um no outro
Ele: os olhos e a inteligência
Ela: o sorriso e a seriedade

Ato de romantismo
Ele: gosto quando ela me rouba um beijo

Ela: gosto quando ele tem gestos de carinho comigo

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