quarta-feira, 11 de março de 2015

Universal orienta sobre riscos do Ebola

Pastor de Serra Leoa conta como tem sido o dia a dia na região
Por Cinthia Meibach



“Muitos não saem mais de casa com medo de contrair Ebola, comerciantes estão perdendo clientes, mães não levam as crianças à escola, igrejas não abrem mais e até médicos abandonaram os hospitais por conta da situação.” Essa é a atual realidade de Serra Leoa, em virtude da epidemia, relatada pelo pastor da Universal Walker Mugesani Kanzika, de 43 anos, que há quase dois anos faz o trabalho evangelístico no país.

Desde o começo do ano, o vírus Ebola se alastrou por Guiné, Libéria, Nigéria, Serra Leoa e recentemente chegou à Costa do Marfim. Já matou nesses lugares mais de 1.400 pessoas e infectou ao menos 2.600. A doença é transmitida entre humanos por meio de contato direto com o doente ou com fluidos do seu corpo, motivo pelo qual os moradores evitam sair de casa.

Assim como nos demais países afetados, Serra Leoa está em estado de alerta. Em lugares públicos, como bancos e correios, é preciso passar por uma inspeção severa dos agentes de saúde antes de entrar. Já a Universal continua atuando no campo espiritual com orações por todos os infectados e orientando a respeito dos riscos de contaminação.

“Pelo fato de não nos permitirem acesso às pessoas infectadas, para evitar a propagação do vírus, usamos nosso meio de comunicação e nossas reuniões para passar a fé ao povo e aos familiares dos doentes. E ensinamos todos a se prevenirem e a cuidarem da higiene. Na própria Universal colocamos um mecanismo que ajuda as pessoas a lavar as mãos com água e cloro”, diz o pastor.

Mesmo diante do risco iminente de contaminação, o pastor garante que, assim que for permitido visitar os doentes, voluntários da Universal irão determinar a cura deles pela fé. “Enquanto isso não é possível, nada nos impede de continuarmos com o trabalho de evangelização que segue intenso por toda a região”, conclui.

Por que ainda existe intolerância religiosa na universidade?

Alunos de diversas partes do Brasil calam-se diante de constrangimentos, pois temem não concluir a graduação

Por Cinthia Meibach



A universidade não é apenas um lugar de aprendizado, mas também de debates e de troca de conhecimentos. É comum temas polêmicos serem discutidos, a exemplo do homossexualismo, do racismo e dos direitos das minorias. No entanto, quando o assunto é fé e religião, nem sempre existe uma sensibilidade por parte de alguns educadores para tratar do assunto sem ofender o aluno que pertence a uma denominação cristã, por exemplo. Estudantes de universidades de todo o Brasil ainda sofrem frequentemente com as atitudes de intolerância religiosa e têm de suportar assédio moral daqueles que deveriam ser os primeiros a combater esse tipo de preconceito: os professores.

Um exemplo é o do estudante cristão Paulo Olialvik, de 24 anos, que cursa o sexto semestre de jornalismo e reside em Belém (PA). Ele conta que cansou de ouvir nas aulas de um dos docentes da universidade frases como “você está perdendo o seu senso crítico”, “pastores manipulam os fiéis e são ladrões”, entre outros comentários ofensivos aos líderes da igreja que Paulo frequenta. Mesmo sabendo que as palavras eram direcionadas a ele, o rapaz preferiu sofrer calado e garante que vai manter essa postura até o final do curso.

Outra situação semelhante aconteceu com o perito em avaliação imobiliária Adilson de Lima, de 34 anos, enquanto cursava a faculdade de direito, em São Paulo. Ele lembra que durante uma aula de sociologia, o professor comentou que “abrir uma igreja hoje em dia é um bom negócio, pois dá dinheiro”, o que provocou gargalhadas nos alunos. “Eu também optei por ficar calado, pois sabia que ele era a ‘parte mais forte’ lá dentro e, por isso, não queria me indispor com ele. Mas não consegui disfarçar o meu constrangimento e nervosismo”, desabafa.

Para a jornalista de ciência e meio ambiente, professora dos cursos de jornalismo e relações públicas e coordenadora do Centro Interdisciplinar de Pesquisa da Faculdade Cásper Líbero, de São Paulo, Cilene Victor, o primeiro passo para que situações como essas não se repitam está no entendimento do professor de que a sala de aula é lugar de compartilhamento de conhecimentos e não apenas da transmissão deles. “Um mundo verdadeiramente mais rico, do ponto de vista cultural, deve preservar a pluralidade. O fato de o meu repertório ser diferente do seu não significa dizer que o meu seja superior ao seu. Há aqui uma palavra-chave: tolerância, seja ela religiosa, política ou cultural”, aconselha.

Essa tolerância não existe por parte de um dos professores da estudante de jornalismo Danielle Dias, de 20 anos. Ela conta que nem mesmo na hora do intervalo está livre de ser criticada pela fé que professa. “Estava lendo o livro Nada a Perder 2, do Bispo Edir Macedo, e um professor me perguntou que livro era aquele. Quando mostrei a capa, ele disse ‘eca’ e meneou com a cabeça em reprovação”, lembra.

Por medo de retaliação, os alunos entrevistados não quiseram que o nome da instituição de ensino fosse divulgado, pois temem ser prejudicados.

De acordo com o advogado criminalista Pedro Ragassi Jr. é justamente por existir esse temor que os autores de constrangimento ainda ficam impunes. “O aluno ou qualquer outra pessoa que se sinta ofendida tem o direito de registrar um boletim de ocorrência em alguma delegacia de polícia ou procurar auxílio diretamente no Ministério Público, para que os fatos sejam apurados e os autores da discriminação sejam responsabilizados. Nesses casos normalmente são aplicadas as disposições da Lei 7.716/89, popularmente conhecida como ‘Lei Caó’, que prevê punição à intolerância religiosa”, diz, lembrando que o aluno também pode fazer uma denúncia anônima no número 181.

O advogado ainda alerta que o professor deve ficar atento para não confundir liberdade de expressão com o ato de constranger. “Uma coisa é transmitir um estudo científico e outra coisa é atrelar a ele uma opinião com a intenção de injuriar determinada pessoa em função de sua crença religiosa”, afirma.


A professora Cilene vai além: ela acredita que as opiniões ofensivas não devem ser emitidas pelo professor nem sequer nas redes sociais. “Não ‘pega bem’, por exemplo, um professor ridicularizar uma determinada religião em um perfil do Facebook e no dia seguinte entrar em sala de aula sabendo que encontrará alunos daquela religião. Ainda que seja uma autocensura, partimos dela para a construção de uma convivência mais respeitosa, reconhecendo e tolerando o caráter plural de nossa sociedade”, opina.

"Nem sempre quando algo é tirado das nossas mãos a gente perde"

Conheça a história de vida do bispo Romualdo Panceiro e de sua família
Por Cinthia Meibach



Quem conhece o bispo Romualdo Panceiro da Silva, de 55 anos, e sua esposa, Marcia Barbosa Panceiro, de 47 anos, casados há 27 anos, sabe bem que não lhes falta fé para ajudar os que precisam. Nascidos no Rio de Janeiro, eles já passaram por estados como São Paulo e Minas Gerais, pregando a mensagem da fé. Já no exterior eles viveram alguns anos no México, na Argentina e, atualmente, estão nos Estados Unidos, em Los Angeles, cuidando do trabalho da Universal no país.

O que talvez muitos não saibam é que, durante toda sua trajetória de vida, eles vivenciaram problemas sérios. Ele já passou fome, andou de sapato furado e viu o pai ficar louco. Já ela sabe bem a dor de uma mãe que tem o filho na mais tenra idade arrancado dos seus braços. E essa última situação eles viveram já convertidos. Por que será que tudo isso aconteceu? Confira as respostas na entrevista exclusiva à Folha Universal.

Como foi a infância de vocês?

Ele: Minha família morava na melhor casa do bairro do Rio de Janeiro, compras chegavam de caminhão. Mas tudo isso mudou quando eu tinha 6 anos e vi o meu pai ficar louco. Ele tentou até me enforcar. Depois disso, fui morar com meus tios, dos 6 aos 14 anos vivi longe dos meus pais. Quando eu completei 15 anos, minha mãe alugou uma casa no Rio de Janeiro com muita dificuldade e trouxe a gente para morar com ela. Uma semana depois que estávamos morando na casa, veio uma enchente e acabou com tudo. Foi quando começamos a passar fome. Eu tive de deixar os estudos para trabalhar. Mas, para piorar a situação, comecei a usar drogas. Como não tínhamos o que comer, eu e meus irmãos subíamos no pé de manga e o almoço e o jantar eram as mangas, quando estava na época da fruta. Já o estado do meu pai só piorou. Eu até o reencontrei depois de tudo o que aconteceu, mas ele acabou morrendo de câncer. Eu me envolvi mais ainda com as drogas. Eu passava o tempo todo nos morros do Rio de Janeiro cheirando cocaína. Eu também tive problema de gota, uma doença que afeta as articulações.

Ela: Os meus pais serviam aos espíritos malignos e esses espíritos diziam que queriam me matar. Com medo, passei a ter insônia, tomava calmante escondido, escutava barulhos estranhos pela casa. Aos 10 anos, o meu pai teve uma amante. Minha mãe, ao descobrir, quase tentou suicídio. Foi assim que vivi toda a minha infância, tendo que lidar com os meus problemas espirituais e com os dos meus pais.

Como aconteceu a mudança na vida de vocês?

Ele: Eu era office-boy numa empresa e a minha chefe me convidou para ir à Universal. Eu fui pela primeira vez na igreja da Antiga Capelinha, o bispo Macedo estava fazendo o culto e eu tinha 24 anos nessa época. Fui curado da gota, abandonei as drogas. Eu ia todos os dias a pé à igreja, pois não tinha dinheiro para o ônibus. O que eu havia encontrado era tão precioso que eu nem me importava de ir andando.

Ela: Minha mãe, ao ouvir um programa da Universal no rádio, decidiu ir à Igreja. Em pouco tempo buscando a Deus o meu pai deixou a amante, nossa família deixou de morar de favor, eu comecei a dormir em paz, enfim, tudo de ruim saiu de nossas vidas. Eu passei a frequentar também. Eu tinha 16 anos, só que no começo eu ia à Igreja mais por gratidão a Deus. Até que um namorado que eu gostava muito me deixou. Foi ali que vi que precisava me entregar a Jesus de verdade.

E por que decidiram servir a Deus no Altar?

Ele: Depois de 8 meses que eu estava na Igreja, foi numa reunião no Maracanãzinho, feita pelo bispo Macedo, que eu tive um encontro com Jesus. Foi uma experiência extraordinária com Deus. Eu saí dali diferente, feliz da vida, e veio o desejo de servir a Deus. Uma semana depois, fui batizado no Espírito Santo e comecei a fazer aula de candidato a obreiro, até que eu fui levantado obreiro e depois pastor.

Ela: Eu sabia que queria servir a Deus. Eu estudava, trabalhava, mas nunca passou pela minha cabeça que seria esposa de pastor. Surgiu em mim um desejo enorme de evangelizar, a ponto até de a minha mãe falar que estava demais. Eu tinha um sonho de fazer faculdade de biologia, de ter cinco filhos, mas, depois que entrei na Obra, todos esses sonhos foram deixados de lado, porque eu fui aceitando o chamado de Deus na minha vida.

Como se conheceram?

Ele: Eu era obreiro da Abolição e a via sempre na igreja. Uma vez, sentei perto dela, a luz acabou e a gente começou a conversar. No sábado seguinte, voltamos a nos ver e logo perguntei se podia levá-la em casa. Ela aceitou e fomos conversando. Quando chegamos, o pai dela me pediu ajuda para carregar um tapete novo, eu o ajudei e me tornei conhecido da família dela. Mas ela não me queria.

Ela: Eu estava orando pela vida amorosa, mas eu não queria me envolver com ele, porque na verdade nem meu amigo ele era, ele simplesmente me levou em casa. Só que, depois disso, todos os dias ele me ligava, passamos a ir ao cinema. Passamos 8 meses assim, até que um dia ele viajou e eu senti falta dele. Sem contar que eu admirava muito a dedicação dele a Deus. Começamos a namorar e 1 ano e meio depois nos casamos.

Vocês tiveram dificuldades de adaptação?

Ela: Com Deus ou sem Deus, todo casal tem. Eu me lembro de que, no início, eu chorava muito, porque o Romualdo tem um temperamento mais agitado, ele é muito direto no falar e eu era mais sensível. Eu aprendi a lidar com isso.

Quais os momentos mais difíceis que passaram na Obra de Deus?

Ele: No México passamos por muitas dificuldades, pois havia uma lei contra a Igreja. Recebemos uma carta da imigração dizendo que os 11 pastores que lá estavam deveriam deixar o país. Foi uma perseguição religiosa. Mas oramos, nenhum saiu e a Igreja cresceu. Também fomos vítimas de calúnias quando passamos em Minas Gerais. Mas acredito que a maior injustiça foi quando nos tiraram a guarda do nosso filho (foto abaixo, ainda pequeno, no colo da mãe, e primeira foto, atualmente, com os pais).

Como aconteceu isso?

Ele: Nós adotamos o Fábio em 1998, quando ele tinha 2 anos. Ele era português e quando tinha 6 anos, a Justiça de lá determinou que ele deveria voltar para a antiga responsável por ele. Eu estava em São Paulo quando isso aconteceu. A Marcia ia visitá-lo em Los Angeles, onde ele morava, mas não tínhamos condições de continuar nessa rotina. A mãe que pegou a guarda dele dos 6 até 19 anos trabalhou a cabeça dele contra a gente, dizendo que nós é que não queríamos ficar com ele. Ela mudou de casa e perdemos o contato com ele. Quando ele completou 18 anos, essa mãe o colocou na rua. Foi quando ele conheceu a droga e passou a dormir na rua. Em 2013, fomos transferidos para Los Angeles e, em dezembro passado, ele achou a Marcia no Facebook. Ele pediu ajuda. Nós o trouxemos para cá (Los Angeles), mas mesmo aqui conosco ele teve uma overdose. Não foi fácil, já que, depois de 13 anos, o filho que havia sido entregue no Altar de Deus volta para a gente cheio de problemas. Nós oramos por ele intensamente, até que, recentemente, eu fui inaugurar uma igreja em Boston e ele foi comigo. Nesse dia, ele chorou por 40 minutos, como nunca havia feito antes. Então, decidiu mudar. Ele disse para mim: “Pai, eu quero me batizar.” Hoje, ele já é outra pessoa, assiste aos cultos todos os dias e está cada vez mais envolvido com as coisas de Deus.

Por que Deus permitiu que isso acontecesse?

Ele: Eu sabia que por trás disso tudo tinha a ação do mal, mas eu tinha certeza que Deus iria fazer algo, porque eu o havia apresentado no Altar dEle. Por outro lado, o fato do Fábio ter sofrido dessa maneira longe de nós fez com que ele chegasse ao fundo do poço e decidisse se entregar a Deus. Ele saiu da lama como eu saí. Nem sempre quando algo é tirado das nossas mãos a gente perde, porque somos da fé. Deus permite certas coisas para que possamos sentir a dor do povo e, com essas experiências, ajudar mais pessoas. Esse é o recado que quero deixar para os leitores da Folha Universal: tudo coopera para o nosso bem. É quando a pessoa está no fundo do poço que é a hora que ela olha para o céu e tem a mão de Deus estendida, porque não há lugar aonde a mão de Deus não chegue.

Perfil do casal

Comida predileta
Ele: espaguete à bolonhesa, com o molho separado, e bife
Ela: sopa de legumes

Hobby
Ele: jogar futebol
Ela: ir ao cinema

Livro predileto
Ele: "O Poder Sobrenatural da Fé", do bispo Edir Macedo
Ela: "Mananciais do Deserto", de Lettie Cowman

O que um mais gosta no outro
Ele: Eu gosto da discrição dela
Ela: Eu gosto desse jeito comprometido com Deus que ele tem

Sonho
Ele: O meu sonho é realizar o sonho dos outros

Ela: Assistir a uma reunião feita pelo meu filho, como pastor

“Vi de perto o que é um ser humano apodrecer vivo"

Bispo Edson Costa e sua esposa, Paula, falam sobre o que tiveram de deixar para trás para ajudar os que sofrem

Por Cinthia Meibach



O bispo Edson Costa, de 34 anos, e sua esposa, Paula Costa, de 33 anos, ambos paranaenses, não economizam esforços para ajudar desconhecidos que estão sofrendo por todo o Brasil. Juntos, eles já passaram pelos Estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e agora estão no Ceará, um dos lugares mais bonitos do nosso País. Os dois contaram detalhes de suas trajetórias para os leitores da Folha Universal. Confira a seguir.
Quais problemas vocês enfrentaram na infância?
Ele: A minha família era estruturada, mas um dia a minha mãe, grávida de mim, recebeu a notícia que a gravidez era de risco e decidiu buscar ajuda nos espíritos. Como consequência disso, me tornei o mais doente de casa. Passei a sofrer com perturbações, via vultos, ouvia vozes. Eu tinha muito medo. Imagina você estar sozinho em casa, à noite, e uma imagem aparecer e você não saber o que é aquilo. Era isso que eu passava. Eu via alguma coisa mexendo, tocando em mim e até falando comigo. Quando anoitecia, eu ficava apavorado.
Ela: Eu cresci em um lar que tinha muitos valores, mas nenhuma estrutura espiritual. Então vieram os problemas: a doença do meu irmão que para a medicina não tinha cura e, por conta disso, meu pai ficou deprimido e a vida financeira foi afetada. Minha mãe procurou solução também nos espíritos, mas nada adiantou.
Como vocês chegaram à Universal?
Ele: Aos 15 anos, a minha mãe começou a fazer as correntes de oração na Universal. Minha irmã mais velha também foi com ela e passou a fazer parte do Força Jovem, grupo da igreja. Eu, vendo a alegria delas, decidi acompanhá-las. Quando cheguei, vi que os espíritos que se diziam fortes na casa dos encostos que a minha mãe frequentava ficavam de joelhos diante do pastor. Naquele momento, despertei e entendi que estava no lugar certo.
Ela: Dos 6 aos 19 anos eu tinha uma vida no mundo como qualquer adolescente, aproveitava o que o mundo tinha para me oferecer, mas tudo isso não me saciava. Cheguei assim à igreja. Queria encontrar o que estava faltando dentro de mim, aquilo que realmente fosse me completar e me fazer feliz. Ali vi muita alegria nas pessoas. À medida que aconteceu a minha entrega, que durou um ano e seis meses, eu também passei a desfrutar da mesma alegria delas.
Por que o senhor decidiu se tornar pastor?
Eu já estava há dois anos na Universal, me tornei obreiro, mas não queria ser pastor. Eu tinha um vínculo muito forte com a minha família. Eu pensava assim: vou ser um obreiro bem-sucedido, mas não abro mão da minha família. Até que comecei a evangelizar num leprosário. Foi quando, pela primeira vez na vida, vi de perto o que é um ser humano apodrecer vivo. Foi nesse dia que eu ouvi a voz de Deus falando que era para eu levar a Palavra de dEle para o mundo inteiro. Esse desejo era como um fogo que queimava dentro de mim. Desse momento em diante, eu me coloquei à disposição do Altar e, em 1998, ingressei na Obra de Deus.
Mas o senhor já conhecia a Paula?
Não. Conheci a Paula em 2002. Eu já era pastor, fui trabalhar em Ponta Grossa, cidade na qual ela nasceu e se converteu. Fiquei dois anos e meio lá. Ela era do Força Jovem, estava chegando à igreja. Só que até então nem sequer pensava em vida amorosa. No dia que eu estava sendo transferido para Curitiba, ela me entregou uma carta. No caminho, li a carta que dizia o que ela sentia por mim. Pensei muito e não respondi, orei a Deus e um mês depois a gente começou a se falar por telefone.
O que vocês encontraram um no outro que proporcionou a certeza para seguir com o relacionamento?
Ele: O que me chamou atenção nela foi a discrição. Eu sempre valorizei essa virtude da mulher. Então, quando ela me mandou essa carta, comecei a pensar quais seriam os motivos para investir nesse relacionamento, não podia mais errar, pois o tempo estava passando.
Ela: Além do sorriso, o compromisso dele, a responsabilidade que ele tinha com o trabalho. Eu via que ele era verdadeiro.
Quando vocês casaram as diferenças apareceram?
Ele: Todo mundo fala que a fase de adaptação é uma “guerra”. Mas nós não passamos por isso, pois somos parecidos em tudo. Temos uma sintonia, uma compatibilidade, é em uma coisa ou outra que a gente discorda. Mas confesso que no começo eu era bem exigente. Pelo fato de sempre ter lavado e passado minha roupa, quando me casei, levou um tempo para ela deixar a roupa do jeito que eu gostava. Então, a nossa única “guerrinha” foi essa.
Ela: Eu me lembro de uma vez que ele me cobrou de uma forma mais forte e eu fiquei chateada. Ele percebeu e, no outro dia, quando foi para igreja, deixou um bilhete em que escreveu que sabia que estava pegando pesado comigo e pedia para que eu entendesse o lado dele. Mas foi só isso mesmo de desentendimento, pois fomos para o casamento com uma base de família que aprendemos na Universal. Já são 10 anos de casados.
O senhor esperava a consagração a bispo?
Não. Eu fui a uma reunião para tratar de outro assunto que não tinha relação com a consagração. Quando o bispo Clodomir falou que eu seria consagrado bispo, não aguentei e comecei a chorar porque não esperava.
O senhor passou momentos de dificuldade?
Quando assumi minha primeira igreja no interior do Paraná não tinha um centavo para comer. À noite, fiz a reunião, depois que eu terminei veio uma senhora me procurar dizendo que estava afastada e que estava voltando naquele dia. Ela me perguntou se eu tinha comido alguma coisa e eu fiquei com vergonha. Como iria falar para uma pessoa que não havia comido nada? É complicado, meus olhos encheram de lágrimas e eu disse que não. Ela me mostrou um restaurante que o dono estava devendo para ela e me mandou jantar lá e disse que a partir daquele dia o meu almoço e minha janta seriam por conta dela. Essa situação mostrou que Deus sempre traz um anjo para nos suprir.

O que o senhor pode falar para os homens que estão divididos entre ser ou não pastor?
Hoje em dia os jovens obreiros estão envolvidos com o trabalho, a faculdade, a informática menos com a Obra. Duvido que o Espírito Santo não faça queimar dentro de qualquer homem ou mulher que for a um hospital do câncer, leprosário ou a uma cadeira e vir o povo sofrendo essa vontade de fazer alguma coisa pelo próximo. É preciso entender que a igreja não mudou. O que mudou foi o envolvimento das pessoas com a Obra de Deus.

Perfil do casal

Comida predileta
Ele: uma boa massa e uma boa feijoada brasileira
Ela: risoto

Um livro
Ele: "As 21 irrefutáveis leis da liderança", de John Maxwell
Ela: "Mestre dos mestres", de Augusto Cury

Música
Ele/Ela: Love By Grace, com Lara Fabian

Hobby
Ele/Ela: assistir filmes de drama e ação

O que gostam mais um no outro
Ele: os olhos e a inteligência
Ela: o sorriso e a seriedade

Ato de romantismo
Ele: gosto quando ela me rouba um beijo

Ela: gosto quando ele tem gestos de carinho comigo

Profissão: do lar e com muito orgulho

Muitas mulheres estão deixando de lado a carreira profissional para se dedicar à família. Entenda se isso também se enquadra a sua realidade
Por Cinthia Meibach / Foto personagem Eliane: Marcelo Alves



Um estudo realizado pelo Instituto de La Mujer, da Espanha, mostrou o que muita gente já sabe: que mais de 50% do trabalho doméstico fica com as mulheres que trabalham fora de casa. Isto é, além de ter que ser uma boa profissional, cuidar dos filhos e marido, elas se desdobram para manter a casa em ordem.
Para algumas, ser multitarefa já virou rotina e a dupla ou tripla jornada nem é tão difícil assim de ser feita. Porém, há aquelas que não precisam se esforçar tanto, podendo exercer apenas o papel de mãe, esposa e dona de casa. O problema é que na “sociedade da mulher independente” que vivemos, dependendo da idade e do perfil de quem decide deixar a carreira de lado para investir na família, as críticas vindas, principalmente, de outras mulheres são ferrenhas. 
Para a psicóloga Angelita Correa Scardua especializada em felicidade e desenvolvimento humano, esse tipo de crítica acontece porque existe um entendimento da parte de alguns que a vida doméstica é uma vida de ociosidade. “Na verdade, esse tipo de crítica de que trabalho só é aquele que é feito fora de casa é machista e desqualifica as atividades domésticas. É uma conquista de a mulher poder escolher cuidar da casa, da família. É um absurdo alguém dizer que ela não tem direito de escolher isso para a vida dela”, comenta.
A escritora Cristiane Cardoso, em resposta a uma leitora de seu blog sobre esse assunto explicou que a forma de encarar a situação e as opiniões alheias vai depender muito do pensamento que a mulher alimenta. Isso porque, algumas depois de escolher a família em vez de a carreira ficam se sentindo inúteis para a sociedade, trazendo prejuízo tanto para elas como também para toda a família. “Se você mantiver essa frustração dentro de si e ficar se comparando às outras mulheres que trabalham, você não só continuará sentindo-se assim como também vai fazer toda sua família se sentir culpada por sua frustração. O que a mulher deve entender é que muitas esposas gostariam de ter ou ter tido a oportunidade de cuidar da família, sendo assim, quem tem essa chance deve aproveitar”, aconselha.

 Unindo família e trabalho

Porém, nem todas as mulheres podem abandonar completamente o trabalho, mesmo que queiram, pois a renda do lar também depende delas. Para conciliar o cuidado com a família e não deixar de suprir as necessidades, a especialista Angelita recomenda que a mulher não faça uma mudança radical, a não ser que ela esteja bem segura de que quer se dedicar à vida familiar e doméstica. “Se a vida profissional permite, ela pode diminuir as horas de trabalho e, para evitar uma mudança tomada no impulso, nas próximas férias, em vez de viajar, deve ficar em casa cuidando das tarefas para ver como vai ser, caso isso se torne uma rotina. Outro ponto é pensar na vida econômica, para que não haja cobranças ou frustrações, pois problemas econômicos podem ser venenosos dentro do casamento”, esclarece.
Veneno que quase acabou com o sonho da dona de casa e costureira Eliane Vasconcelos (foto ao lado).  Por estar sobrecarregada na função de profissional e mãe de um recém-nascido, aos 32 anos, ela optou que não deixaria mais o filho sob cuidados de terceiros, e saiu do trabalho. Estava indo tudo conforme o planejado, mãe presente, esposa atenciosa, as coisas do lar em dia, até que as contas chegaram e o dinheiro faltou. Então, o que era um sonho, tornou-se um pesadelo na vida dela. Mas por pouco tempo. “Primeiro analisei meu dia e percebi que tinha algumas horas vagas e, como sabia costurar, decidi que iria trabalhar dessa forma enquanto o bebê dormia. Comprei 3 máquinas e passei a costurar para lojas pequenas. Hoje o meu filho está maior, pude colocá-lo na escola em meio período e aumentei a clientela.  Estou muito satisfeita, pois consigo cuidar dos meus afazeres, do meu esposo, do meu filho e ainda ganho dinheiro em casa”, comemora.

Cristiane Cardoso também acredita que é possível sim a mulher que não tem condições de deixar de trabalhar conciliar todas as coisas. Basta querer. O que não pode é ela cair no erro de pensar que a família não merece toda a nossa atenção e que ela por não trabalhar fora será considerada inútil para a sociedade. “Existem vários talentos que a mulher pode desenvolver dentro de casa, até porque hoje em dia se faz até faculdade online. Se você quer, você faz”, conclui.