terça-feira, 28 de abril de 2009

Uma das minhas primeiras matérias



Deficientes combatem o preconceito


fotos e matéria: Cinthia Meibach
A Uninove realizou o colóquio "Mãos que lêem e que falam", no dia 31 de maio, com o objetivo de conscientizar a todos os participantes sobre a educação inclusiva.
O evento foi organizado pela professora de pedagogia Marifátima Coleone Nunes, docente especializada em ensinamento da linguagem braille. "Os alunos receberam o aprendizado de braços abertos", disse Marifátima.
O presidente da confederação brasileira de esporte para cegos, David Farias Costa, relatou que, mesmo sendo cego, não se intimidou em estudar. Formou-se em pedagogia e foi dar aulas em uma classe para alunos sem deficiência. No começo sofreu um pouco do preconceito da sociedade, porém, com o passar do tempo, os alunos se acostumaram com ele ao ponto de esquecerem de sua deficiência.
Costa apresentou um vídeo sobre o movimento paraolímpico e ressaltou também a importância da inserção social por meio do esporte. "O esporte paraolímpico é uma das atividades para que as pessoas percebam diferente o deficiente, que deficiência não é doença. Antes os deficientes pediam esmolas, hoje eles ganham medalhas", comemorou.
Depoimentos de mães de deficientes com a exibição de fotos emocionaram os participantes. Terezinha Castelli, mãe de Jéssica Castelli que nasceu com má formação na retina e só conseguiu andar aos quatro anos de idade, criticou a falta de apoio do governo. "Até o ano de 1988 os deficientes não eram reconhecidos como gente no Brasil, porém, algumas instituições acreditaram neles. Hoje muitos se formaram professores, médicos, advogados e estão fazendo valer os seus direitos". Terezinha também fez um alerta aos pais que têm filhos com deficiência. "O maior preconceito vem da família, não tenha vergonha de expor seus filhos, pois a Jéssica enxerga com a mão e com o coração", disse emocionada.
Outra participante, Sandra Martins, mãe da deficiente visual Beatriz Martins, também expôs a história de vida de sua filha. Beatriz nasceu com glaucoma e chegou a fazer 21 cirurgias com 7 transplantes de córneas. Foi abandonada pelo pai, assim que ele descobriu que ela não conseguiria enxergar. Para Sandra, um dos principais fatores para ajudar na inclusão social dos deficientes é o estímulo precoce. "Nunca deixe de estimular seu filho, seja qual for a deficiência", alertou.
A cantora Kátia, afilhada do cantor Roberto Carlos, também compareceu ao evento. Kátia nasceu prematura de 6 meses e dentro da incubadora o oxigênio entrou em seus olhos e queimou o cristalino. "Eu era muito descriminada por ser cega, por esse motivo eu sempre quis ser a melhor", revelou ao público.
Para Kátia a inclusão só vai acontecer quando existir um convívio maior entre os deficientes e os não deficientes. "Eu não tenho nada contra os institutos, mas o meu grande sonho é ver as portas de todos eles abertas para que haja uma interação verdadeira".
No final, Kátia agitou a platéia cantando um de seus maiores sucessos da década de 80 "Lembranças" e disse que no momento não pode se dedicar como gostaria à música, pois tem administrado uma empresa criadora de softwares para cegos, além de estar se preparando para escrever um livro que terá o título: "Eu não vejo nada mais enxergo longe", com o lançamento previsto para o ano que vem.


Cinthia Meibach - 06 / 06 / 2008


segunda-feira, 27 de abril de 2009

Ditaduras militares na América Latina




A América Latina e a repressão militar


Estima-se que 500 mil pessoas foram vítimas da ditadura no Brasil e somente 10% delas receberam indenização

“Todos os regimes militares foram marcados pela coerção da liberdade democrática, a extinção dos partidos políticos, a restrição dos poderes Legislativo e Judiciário e o fechamento de sindicatos e de organizações estudantis”


Por Cinthia Meibach


A América Latina foi vítima da ditadura desde seu descobrimento. Quando Cristóvão Colombo pisou na ilha caribenha de Bahamas, em 1492, deu-se início a opressão que dizimou as populações indígenas e instituiu o método de exploração da região.
Ao decorrer dos anos, insurreições populares foram encabeçadas por revolucionários que se tornaram exemplos de luta pelo fim das desigualdades sociais. Podemos citar ícones como Simon Bolívar na Venezuela, Augusto César Sandino na Nicarágua e Emiliano Zapata no México. Porém, foi com a revolução cubana, em 1959, liderada por Fidel Castro, que desencadeou o período de repressões mais intensas por todo o continente latino-americano.
As proliferações dos ideais socialistas preocuparam a ampliação comercial dos Estados Unidos que resolveram criar um programa de apoio econômico e estratégico ao crescimento dos países latino-americanos, chamado de Doutrina à Segurança Nacional, mais conhecido como ditadura.

Honduras, Guatemala, Nicarágua, Venezuela, Haiti, México, EL Salvador, Peru, todos os países da América Latina em que a ditadura militar se instalou os resultados foram semelhantes: violência, mortes e desaparecimentos.

A ditadura não foi branda em nenhum país, porém, a região mais aterrorizada por esse sistema foi a região conhecida como Cone Sul, constituída por Brasil, Uruguai, Argentina e Chile.

Todos os regimes militares foram marcados pela coerção da liberdade democrática, a extinção dos partidos políticos, a restrição dos poderes Legislativo e Judiciário e o fechamento de sindicatos e de organizações estudantis. Houve fortes censuras à imprensa, e qualquer oposição ao governo era proibida. Adversários do regime foram punidos com perseguições, prisões e deportações, além da prática de tortura como método de interrogatório dos suspeitos de subversão.



Marcas da ditadura no Brasil



Entre 1964 e 1985 no Brasil, a ditadura deixou marcas irreparáveis. Em São Paulo os presos eram levados para o DOPS (departamento estadual de ordem política e Social), no centro, onde ficavam em celas de menos de 15 metros quadrados vulneráveis a torturas, interrogatórios e muitas vezes a morte.
Em abril de 1971, a família Akselhud de Seixas foi presa e teve sua história mudada drasticamente. O chefe da família, Joaquim Alencar Seixas, foi acusado de participar do assassinato de um empresário dinamarquês que teria ligações com o governo militar e por isso teve sua esposa e três filhos levados presos pelos militares.
Ieda, hoje com 62 anos, era estudante e a época com 22 anos conheceu a cela do DOPS, local que foi torturada e violentada. ”Toda minha família foi presa, só não prenderam meu irmão de 10 anos, que teve que ficar com minha tia. Eu podia ouvir o barulho deles colocando a metralhadora na cabeça da minha irmã. Eu me lembro que um batia tanto na minha cara e eu não entendia o motivo”, relembra Ieda.
Apesar de todas as marcas deixadas no corpo da família Akselhud de Seixas, para Ieda a dor maior foi ter visto seu pai morrer vítima das pauladas recebidas na cabeça durante as torturas. “Eles mataram meu pai e ainda o declaram culpado por um crime que ele não cometeu. Eles tomaram tudo da gente. As alianças, jóias, os livros, certidão de nascimento, tudo. Em nome do que, da segurança nacional? A única coisa que esses desgraçados não tiraram de mim foi a dignidade e a alegria, embora eu chore quando falo desse assunto e vou chorar sempre”, desabafa.
Estima-se que 500 mil pessoas foram vítimas da ditadura no Brasil, porém de acordo com José Wilson da Silva, 76, presidente da Associação Pró-Anistia poucos foram indenizados em relação às ações da ditadura. "Diante do grande número de vítimas, somente pediram reparação 50 ou 60 mil, o que dá 10%. É um número relativamente pequeno."
Embora o número de afetados pela ditadura tenha sido grande, muitas pessoas passaram por esse período em uma realidade paralela. Os métodos utilizados pelo governo para dispersar a maioria da população ia da proibição de divulgação de informações a respeito do assunto a exibição dos festivais da Jovem Guarda pela televisão até a empolgação com a copa do mundo de futebol.
O aposentado Domingos Soares Correa, 58 anos, diz ter sido uma dessas pessoas alienadas a época da ditadura: “Até nos estádios de futebol as músicas que tocavam antes do jogo eram aquelas que promoviam o governo e suas políticas de crescimento. Naquela época só tinha acesso aos acontecimentos os estudantes universitários que participavam dos movimentos estudantis. Existia muito medo, não podia comentar nada sobre política no ônibus, na empresa, no cinema, em lugar nenhum, porque sabíamos que existiam espiões do governo por toda parte e que qualquer suspeita de comunismo, seriamos presos”. Em uma noite voltando do colégio foi abordado por militares que o levaram para a delegacia porque ele estava sem o documento de identificação. “Passei por um interrogatório e depois fui liberado, mas ao sair pude ouvir alguns militares lamentando terem perdido uma boa vítima para torturarem”, relembra Corrêa. Ele diz que só se politizou sobre o assunto quando foi trabalhar como vendedor em uma banca de jornal e começou a ler algumas notícias que conseguiam escapar da censura.

No final dos anos 70 o regime ditatorial começou a se enfraquecer. Os Estados Unidos, que até então eram um de seus principais apoiadores, passaram a criticar os abusos repressivos cometidos por essa política. Protestos populares, lutas armadas organizadas por guerrilhas e movimentos estudantis contribuíram para que a ditadura militar chegasse ao fim em toda a América Latina, tendo seu ponto final em 1989, no Paraguai com a prisão do ditador Stroessner.

No entanto, esse passado não está somente registrado na história, mas ainda se faz presente na memória de sobreviventes, familiares de vítimas e revolucionários que encontraram nas marcas deixadas por esse período força para lutar pela manutenção da democracia.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Humilhação no estacionamento do shopping Santa Cruz

Fui ao shopping Santa Cruz, no último sábado e parei minha moto no estacionamento. Voltei após 8 minutos para ir embora, quando a caixa do estacionamento disse que deveria pagar o valor de 3 reais. Reclamei, pois, o limite de permanência gratuita, normalmente, é de 15 minutos. Agressivamente, o encarregado disse que se eu não pagasse iria prender minha moto, pois o procedimento estava sustentado na lei. Entrei em contato com a prefeitura e não me informaram se existe alguma lei municipal que regulamenta os estacionamentos dos shoppings. Liguei para o sindicato dos patronais de estacionamentos e fui informada que não existe nenhuma lei. Deixo minha dúvida e meu protesto, pois é um absurdo o que a empresa Sociedade Administradora de estacionamentos e serviços S/A tem feito. Até quando teremos que ficar a mercê da exploração desses estacionamentos?